Reportagem Extra - 04/10/10 - Na rua , sob o domínio do medo

08-10-2010 07:29

 

 

 

Reporatgem: Marcelo Dias

e-mail: Marcelo.dias@extra.inf.br

Jornal Extra – dia 04 de outubro de 2010 – Página 04

Nas ruas, sob o domínio do medo

 

Um em cada dez fiscais do Detro já se demitiu por causa da violência nas ruas do Rio.Os motivos são vários, como topiqueiros piratas que ateiam fogo às próprias vans quando apreendidas ou que as roubam depois de rebocadas – não raro, com os agentes a bordo . Sem falar em tentativas de atropelamento e até de seqüestros. Da equipe de 120 homens contratada há três anos, 10% não estão mais no Detro.

Desde 2007, quando o Detro intensificou as blitzes, houve 25 casos de violência. O mais recente ocorreu no último dia 16, quando o motorista de uma Kombi teve o carro interceptado na Rua Haroldo Lobo, na Ilha do Governador. Obrigado a levar o veículo para o depósito, o topiqueiro fugiu para a favela Parque Royal, carregando o PM que o abordou. O militar tentou imobilizá-lo,mas o motorista teria jogado a Kombi contra um muro, conseguindo escapar pela janela.

O medo no departamento vem de cima. Ameaçado de morte, o presidente do Detro, Rogério Onofre , anda cercado por seguranças. Segundo o diretor de operações João Cassimiro Araújo, os locais mais perigosos para a fiscalização são a cidade de São Gonçalo, municípios da Região dos Lagos e bairros da Zona Oeste do Rio – onde o transporte alternativo sofre influência dos milicianos e traficantes.

 

Arma na cabeça

Inspetora há 3 anos , X, de 30 anos, já pensou em abandonar o trabalho devido ao perigo.

- No fim de 2008, um motorista ateou fogo a sua Kombi com o PM que nos apoiava dentro do carro,em Realengo - conta ela. – Houve outra situação em que pegamos um Kombi na Rua Uranos , em Ramos. Seguimos o reboque até determinado ponto. Logo depois renderam o reboquista e o ameaçaram com uma arma para que liberasse o carro. É uma situação muito complicada, porque você não pode fazer nada, a não ser sentir medo.

- No Rio, a Zona Oeste é área mais problemática por cauda das milícias. Também recebemos muitas ameaças em São Gonçalo. No último concurso que fizemos, contratamos 120 fiscais , mas 12 saíram devido à pressão das ameaças – diz João Cassimiro. 

 

“ Há fiscais que até sofreram ameaças de morte”

X – Inspetora do Detro , 30 anos

- A pressão é grande, e já pensei em pedir demissão, mas é o meu trabalho. È complicado trabalhar sozinho , sem a polícia, porque há milicianos e traficantes envolvidos com as vans piratas.Há fiscais que já até sofreram ameaças de morte. Já tivemos caso de veículos incendiados em cima do reboque e de resgate de carros apreendidos com armas apontadas para a cabeça do motorista .